Fim do contrato VaideBet e Corinthians

Sérgio Moura, diretor de marketing do Corinthians, pediu afastamento após polêmicas sobre o contrato — Foto: Jozzu/Agência Corinthians
Sérgio Moura, diretor de marketing do Corinthians, pediu afastamento após polêmicas sobre o contrato — Foto: Jozzu/Agência Corinthians

A Casa de apostas se manifestou pela manhã de hoje pedindo a rescisão do contrato de patrocinio

A casa de apostas VaideBet informou ao Corinthians nesta sexta-feira o rompimento unilateral do contrato de patrocínio máster com o clube.

Assinado no início do ano, o contrato entre Corinthians e VaideBet tinha validade até o final de 2026 e previa um pagamento total de R$ 370 milhões – o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro.

A empresa acionou a cláusula anticorrupção para romper o contrato. A decisão foi tomada após a abertura de investigação da Polícia Civil sobre um possível repasse de parte do valor da comissão do acordo a uma empresa supostamente "laranja".

Agora, o Corinthians e a VaideBet discutirão o pagamento da multa de 10% do valor restante do contrato (equivalente a cerca de R$ 30 milhões). Baseada no entendimento de que houve justa causa para a rescisão, a VaideBet pode se recusar a indenizar o clube.

No último dia 27, a casa de apostas notificou a diretoria do Corinthians de que estava sendo prejudicada pelo noticiário recente e que poderia rescindir o contrato. No documento, a empresa disse que “a vinculação do nome da VaideBet com o presente escândalo envolvendo a diretoria do Corinthians e a intermediadora tornam a presente relação contratual excessivamente onerosa para o patrocinador, na medida que vincula a marca a uma situação negativa, causando desprestígio, potencial prejuízo e risco de baixo retorno do investimento realizado na entidade desportiva”.

O escândalo ao qual a VaideBet se refere é a denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa "laranja", chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Esta estaria em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma mulher residente na cidade de Peruíbe, litoral sul de São Paulo, que nem sequer saberia da existência da mesma.

O Corinthians respondeu à notificação da VaideBet na última quinta-feira, mas os esclarecimentos prestados foram considerados insuficientes.

Sem a VaideBet, o Corinthians tem, além do seu principal espaço na camisa, outras quatro propriedades vagas: barra traseira da camisa, ombro, parte traseira do calção e meião. Atualmente, o clube conta com quatro patrocinadores fixos: Ale (peito), BMG (manga), Ezze Seguros (costas) e Unicesumar (parte frontal do calção). Na reta final de 2023, o uniforme chegou a ter nove anunciantes.

Graças ao contrato com a VaideBet, assinado em janeiro, o Corinthians projetava mais do que dobrar sua receita com patrocínios em 2024. Após encerrar a temporada passada com uma arrecadação de R$ 117 milhões, o clube projetava faturar R$ 263,2 milhões, representando um aumento de 125%.

Em documento apresentado aos conselheiros nos últimos meses, o Corinthians afirmava que ainda buscava garantir mais R$ 59,4 milhões com patrocínios - destes, R$ 43,4 milhões viriam da equipe masculina profissional.

Sem a VaideBet, a missão fica ainda mais complicada. O acordo com a casa de apostas havia aumentado o valor recebido pelo clube no principal espaço da camisa: de cerca de R$ 22 milhões ao ano para R$ 130 milhões brutos.

### Entenda o Caso

A relação entre Corinthians e a patrocinadora começou a estremecer no mês passado, devido a notícias envolvendo uma suposta irregularidade no repasse da comissão pela intermediação do acordo entre a casa de apostas e o clube.

O contrato gerou uma série de questionamentos internos e externos no Corinthians, sendo investigado pelo Conselho Deliberativo do clube. Isso levou Sérgio Moura, diretor de marketing do Timão, a pedir afastamento até o fim das investigações sobre o caso.

O clube e a ex-patrocinadora confirmam que foi estabelecido em contrato o pagamento de R$ 25,2 milhões em comissão à Rede Social Media Design, o equivalente a 7% do valor total da parceria. A empresa pertence a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que trabalhou na campanha de Augusto Melo à presidência.

A prática não configura nenhuma ilegalidade. Porém, de acordo com o "Blog do Juca Kfouri", parte do valor já pago em comissão teria sido repassado a uma suposta empresa "laranja", Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Isso resultou na abertura de uma investigação pela Polícia Civil.

Todo esse imbróglio resultou em uma crise administrativa na gestão Augusto Melo. Além do afastamento de Sérgio Moura, o diretor jurídico Yun Ki Lee pediu para deixar o cargo após a presidência não cumprir com o pedido de afastamento do diretor administrativo Marcelo Mariano durante as investigações. Marcelinho, como é conhecido, teria pressionado funcionários do clube a realizarem o pagamento de duas parcelas de comissão na ausência do diretor financeiro, Rozallah Santoro.

Em reunião com o Corinthians no dia 8 de maio, a VaideBet manifestou o incômodo sobre as notícias negativas. No dia seguinte, o clube emitiu nota oficial defendendo a legitimidade e idoneidade do contrato celebrado e pedindo respeito à parceira.

Posteriormente, o próprio Corinthians cobrou extrajudicialmente a empresa de Alex Cassundé para prestar esclarecimentos.

Até o momento, o clube ainda não se manifestou sobre a rescisão do contrato de patrocínio máster.

 Nota da VaideBet


"A VaideBet informa que exerceu nesta sexta-feira (7) a rescisão do contrato de patrocínio com o Sport Club Corinthians Paulista. Desde o início de abril a marca acompanha e solicita esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas, tendo já realizado reuniões, comunicações formais e notificação extrajudicial. Diante das explicações apresentadas sem nenhuma resolutividade, a VaideBet lamentavelmente se vê obrigada a tomar tal atitude.

A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão - que foi exercida pela VaideBet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão.

A VaideBet lamenta pelo fim de uma parceria que deveria ter durado no mínimo três anos e agradece, pelo carinho e pelo respeito, à imensa e apaixonada torcida do Corinthians, que diariamente sustenta a história e os valores da instituição."

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