Gestão de presidente afastado do Corinthians é alvo de relatório do COAF por transações financeiras suspeitas
COAF aponta transações suspeitas na gestão de Augusto Melo no Corinthians, com gastos não explicados e pagamentos milionários via empresas intermediárias.
COAF recebe apontamentos de transações suspeitas do Corinthians com pagamento de boletos e cartões de crédito
Documento foi informado para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras pelo banco Santander, onde o clube mantém uma de suas principais contas correntes
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) recebeu apontamentos suspeitos a respeito de transações financeiras envolvendo pagamentos de boletos e cartões de crédito do Corinthians no mês de fevereiro de 2025.
— Observado em suas faturas do cartão de credito, vencimento fevereiro/2025, teve transações recorrentes e em valores expressivos no exterior (EUA) estabelecimento ADVDEPOSIT JWMARRICAR — apontou o levantamento.
A transação do cartão de crédito referida é um depósito antecipado, costumeiramente feito para reservas em hotéis, sendo a abreviação seguinte referente a rede de hotéis JW Marriott, que é americana.
As informações foram obtidos com exclusividade pela Globo a partir dos documentos recebidos pela CPI das Bets que acontece no Senado Federal.
O documento foi informado para o COAF pelo banco Santander, onde o clube mantém uma de suas principais contas correntes, em abril deste ano.
Reprovação de contas
Em fevereiro deste ano, o Conselho Deliberativo do Corinthians reprovou a prestação de contas feitas pela gestão do presidente Augusto Melo para o ano de 2024.
Entre os motivos, está o uso do cartão de crédito corporativo pela gestão que tocava o clube.
Horas antes da votação ocorrida no Parque São Jorge, o Conselho de Orientação (CORI) emitiu um parecer no qual fez alertas sobre a saúde financeira do Corinthians e alegou falta de acesso a documentos para recomendar a reprovação do balanço de 2024.
O Cori alega não ter recebido respostas dos ofícios enviados sobre as faturas dos cartões de crédito no valor de R$ 2,8 milhões, até junho de 2024. Posteriormente, o gasto chegou a R$ 4,8 milhões, com “divergências não discriminadas até os dias atuais”, segundo o órgão.
O contrato de Memphis Depay, que pode alcançar R$ 120 milhões com bônus, também não teria sido apresentado segundo o CORI.
– Tendo em vista os relevantes valores de pagamentos ao jogador divulgados pela imprensa não pudemos opinar sobre a valores pagos pelo patrocinador e pagos pelo clube que podem ter impacto relevante junto aos valores orçados e impacto no fluxo de caixa do clube – disse trecho do parecer.
Pagamentos além do valor
Outro apontamento feito no informativo ao COAF foi em relação ao pagamento de boletos bancários, em fevereiro deste ano.
Segundo a análise feita, foram realizados dois pagamentos de boletos que somados totalizaram R$ 607.892,40. Entretanto, o valor original dos títulos era de R$ 108.162,33.
Ao todo, no período analisado, entre 2 de setembro de 2024 e 5 de março de 2025, o clube transacionou R$ 1 bilhão apenas nessa conta do Santander. Foram R$ 507 milhões recebidos e outros R$ 505 milhões que saíram da conta, muita das vezes imediatamente após o clube receber o dinheiro, o que o COAF também aponta como atividade suspeita.
Transações para burlar origem
Como mostrado pelo ge, o COAF classificou as transações financeiras da gestão do ex-presidente do Corinthians, Augusto Melo, como características para "burlar identificação de origem, destino e responsáveis".
— Operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configurem artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais — apontou o COAF.
O texto, padrão, faz parte dos códigos de ocorrências do Banco Central que servem como parâmetro para notificação dos órgãos responsáveis.
O apontamento do órgão se deve, principalmente, a uma grande quantidade de valores transacionados com empresas intermediárias de pagamento, que não possibilita a identificação da origem dos recursos. Entre eles, estão R$ 66 milhões recebidos.
Pagamento da Pixbet
Além disso, o Conselho ainda informou que parte do que foi pago pelo clube para a antiga patrocinadora, a PixBet, teria vindo de uma empresa suspeita de "ocultar recursos financeiros".
— Suspeita-se que a empresa analisada poderia estar movimentando recursos de terceiros, com possível ocultação/dissimulação de recursos e outros ilícitos financeiros que possam se relacionar — apontou o COAF.
O órgão aponta que a empresa OTSAFE, de Curitiba, teria sido a responsável por ter enviado R$ 20 milhões para o Corinthians pagar a multa por quebra de contrato com a PixBet.
A Pixbet cobrou multa porque o contrato com a empresa previa exclusividade entre os patrocinadores do clube no segmento de apostas esportivas. A marca da empresa foi retirada do uniforme após acordo do Timão com a VaideBet, anunciado em 7 de janeiro.
Além disso, a Pixbet exigia a devolução de parte do valor pago de forma antecipada ao clube. No fim de 2022, a empresa se comprometeu a pagar R$ 30 milhões ao Timão em duas parcelas, uma à vista e outra em janeiro de 2023. O contrato tinha validade até 2025.
De acordo com a análise do órgão, a OTSAFE faz transações com a ZenetPay, responsável pela gestão de sites de apostas, entre eles a VaideBet, que assinou com o Corinthians no começo de 2024.
A suspeita surgiu porque o COAF estranhou que a empresa, que fica em três salas no centro da capital paranaense, operou "com valores bem acima do faturamento da empresa".
Ainda de acordo com as análises feitas pelo órgão, o clube teria recebido os R$ 20 milhões em quatro transações via pix no dia 8 de janeiro de 2024, da seguinte forma:
R$ 600.000,00
R$ 4.798.300,00
R$ 4.801.700,00
R$ 9.800.000,00
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