Temendo novo escândalo com intermediário, Corinthians renovou com a Nike e evitou risco jurídico com a Adidas.
O Corinthians oficializou a renovação do seu contrato com a Nike por mais dez anos, em um dos maiores acordos de fornecimento de material esportivo do futebol brasileiro. A parceria, que se estenderá até 2035, pode render até R$ 1,3 bilhão ao clube, somando valores fixos, prêmios e receitas variáveis com produtos licenciados.
A assinatura encerra uma disputa que vinha sendo travada com a Adidas, e coloca fim à especulação sobre uma possível mudança de fornecedor após mais de duas décadas de vínculo com a marca norte-americana.
Embora as ofertas de Nike e Adidas fossem próximas no valor anual (R$ 59 milhões da Nike contra R$ 55 milhões da Adidas), o Corinthians viu vantagens mais amplas no novo contrato com a parceira histórica.
Além da correção anual pelo IPCA — ausente no contrato anterior — a Nike perdoou dívidas, abriu mão de participação em produtos de marcas parceiras (como a Approve) e garantiu maior volume de material e royalties mínimos.
No novo modelo, o clube terá direito a até 60 mil peças por ano, e receberá ao menos R$ 38 milhões em royalties fixos. Em caso de alta nas vendas, os ganhos podem aumentar ainda mais: a cada real acima de R$ 152 milhões em faturamento, o Corinthians embolsa 25%.
Um fator crucial pesou na balança: o risco de processo milionário. A Nike havia acionado uma cláusula de renovação automática até 2029, via sua distribuidora Fisia. Embora o Corinthians não reconhecesse essa renovação, havia o temor de enfrentar uma disputa judicial avaliada em mais de R$ 100 milhões.
A tentativa de transferir esse risco para a Adidas fracassou: a empresa alemã se recusou a assumir qualquer responsabilidade jurídica. E esse não foi o único ponto de tensão.
Nos bastidores, surgiu um intermediário desconhecido que alegou ter articulado o início da negociação com a Adidas e exigia comissão. O nome: Alessandro Ginez, que enviou uma notificação extrajudicial ao clube cobrando seu suposto direito.
A diretoria do Corinthians não reconheceu a legitimidade da atuação de Ginez, mas o episódio acendeu um alerta — especialmente porque lembra os moldes do escândalo da VaideBet, em que intermediários não reconhecidos formalizaram contratos e desviaram recursos.
Com a imagem desgastada e enfrentando diversas ações judiciais, o clube optou pela solução menos arriscada e mais previsível, mantendo a parceria com a Nike.
O presidente interino Omar Stabile liderou a análise técnica do contrato, reunindo departamentos jurídico, financeiro e marketing, além de conselheiros. Houve, inclusive, antecipação de parcelas do novo contrato para ajudar no fluxo de caixa imediato — um fator decisivo diante da grave crise financeira.
A Nike também se comprometeu com melhorias na distribuição internacional dos produtos e maior presença de artigos licenciados no mercado — uma reclamação antiga da torcida.
Parceira desde 2003, a Nike trata o Corinthians como clube prioritário no país. Atualmente, o Timão é o único da Série A com fornecimento exclusivo da marca, embora Vasco e Atlético-MG também entrem para o portfólio em 2026.
Com o novo acordo, o Corinthians volta a figurar entre os clubes com os maiores contratos de fornecimento esportivo do Brasil, ao lado do Flamengo (Adidas).
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