Técnico intensifica observação das categorias de base e vê nomes promissores como alternativa viável para o segundo semestre
Desde que assumiu o comando do Corinthians, Dorival Júnior tem mostrado um olhar atento e criterioso para os jovens talentos formados no próprio clube. Com histórico positivo na revelação de grandes jogadores no futebol brasileiro, como Neymar, Philippe Coutinho e Gabigol, o treinador agora busca repetir essa fórmula no Timão, especialmente em um momento em que o clube enfrenta dificuldades financeiras e limitações no mercado de transferências.
Em vez de insistir em contratações de impacto ou nomes experientes, Dorival aposta em uma abordagem mais sustentável: utilizar reforços “caseiros” para suprir carências no elenco. A filosofia, além de enxugar custos, valoriza o trabalho das categorias de base e pode render frutos a médio e longo prazo, tanto dentro de campo quanto nos cofres do clube.
Um dos jovens que mais tem chamado a atenção da nova comissão técnica é Kayke Ferrari, atacante de 21 anos que estava fora dos planos de Ramón Díaz. O jogador ganhou sua primeira oportunidade na temporada durante o empate contra o Grêmio, entrando no segundo tempo. Apesar do pouco tempo em campo, sua participação foi suficiente para agradar Dorival, que tem mantido conversas constantes com o atleta e se mostra disposto a lhe dar novas chances.
Além do incentivo técnico, Kayke vem recebendo acompanhamento físico específico, voltado para o ganho de massa muscular, resistência e força. Essa preparação visa deixá-lo em condições ideais para disputar espaço no elenco principal, especialmente diante da intensa maratona de jogos que o clube enfrentará no segundo semestre. Apesar da confiança interna, o futuro do atacante ainda é incerto: uma possível transferência por empréstimo não está descartada, caso surja uma proposta considerada benéfica para todas as partes.
Dorival não limita sua atenção apenas a Kayke. Outros nomes da base também começaram a ganhar espaço e visibilidade nos treinamentos do time principal. Entre eles, destaque para Dieguinho, de 17 anos, que já atuou duas vezes como profissional após a saída de Ramón Díaz. O jogador se mostra promissor e vem sendo testado pela comissão técnica em diferentes situações táticas.
Ainda mais jovem, Kauê Furquim, de apenas 16 anos, também entrou no radar de Dorival. Embora ainda aguarde sua primeira oportunidade como profissional, é visto internamente como um dos talentos mais promissores da atual geração. A expectativa é que ele seja testado gradualmente ao longo do segundo semestre, evitando queimar etapas no processo de maturação.
Outro nome que apareceu nos treinamentos foi o meia canadense Jesse Costa, que atua pelo sub-20. Sua presença nos trabalhos com o elenco principal indica que o clube monitora com cuidado os talentos internacionais presentes na base, buscando extrair o máximo potencial técnico possível de todos os jovens disponíveis.
Além dos nomes que já vêm treinando regularmente, Dorival decidiu integrar outros dois jogadores ao elenco profissional: o meia Luiz Gustavo Bahia e o atacante Gui Negão, ambos do sub-20. No entanto, os dois enfrentaram problemas físicos que atrasaram sua participação nesta intertemporada. Luiz Gustavo se recupera de lesão, enquanto Gui Negão perdeu os primeiros dias de preparação por também estar no departamento médico.
A decisão de integrá-los, mesmo com os contratempos, reforça o compromisso da comissão técnica com a valorização das categorias de base. Dorival parece disposto a explorar todas as alternativas internas antes de pressionar a diretoria por reforços externos, algo que pode ser vital para o clube neste momento de restrições orçamentárias.
A postura de Dorival Júnior nos bastidores também tem feito a diferença. Os jovens jogadores destacam a maneira com que o treinador se relaciona com eles durante os treinamentos: sempre com atenção individualizada, orientações técnicas claras, correções construtivas e elogios pontuais. Essa abordagem motiva os atletas e contribui para um ambiente mais acolhedor, onde os garotos se sentem parte real do grupo e não apenas “complementos” de treino.
Essa valorização contrasta com a gestão anterior, marcada por menor abertura aos jogadores da base. A expectativa dentro do CT Joaquim Grava é que, com Dorival, a integração entre categorias seja mais fluida, permitindo que talentos formados no clube tenham mais oportunidades de mostrar seu valor no time principal.
Com o elenco principal limitado e a situação financeira ainda delicada, o Corinthians precisará recorrer com frequência aos talentos da base ao longo da temporada. O próximo desafio do clube será no dia 13 de julho, quando enfrenta o Red Bull Bragantino pela sequência do Campeonato Brasileiro, na Neo Química Arena. Não está descartada a presença de alguns desses jovens no banco de reservas — ou até mesmo entre os titulares, dependendo das necessidades do jogo.
A experiência de Dorival Júnior em revelar e lapidar talentos pode ser um diferencial importante para o Corinthians sair da zona de turbulência e construir um futuro mais sólido, com atletas formados em casa e com identidade alvinegra. Se a torcida tiver paciência e o clube oferecer respaldo, o caminho da reconstrução pode passar, de fato, pelas mãos — e pelos pés — da nova geração.
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