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Jô diz viver ápice físico desde volta ao Corinthians e vira página após polêmicas: "Um pouco assustado"

Jô em treino no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
Jô em treino no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians



Mais leve, forte, confiante e "reciclado". É assim se sente o atacante Jô, que diz viver o ápice físico desde a volta ao Corinthians, em junho do ano passado.

Artilheiro da equipe na temporada, com sete gols, o centroavante de 34 anos afirma que já superou o momento turbulento que viveu recentemente, quando se envolveu em polêmica pela cor de sua chuteira, foi acusado de frequentar uma balada clandestina e chegou a ter o carro apedrejado por vândalos:

– Eu fiquei um pouco assustado. Na minha cidade (São Paulo), onde fui nascido e criado, nunca havia passado por isso – afirmou, em entrevista ao ge.

Neste bate-papo, Jô fala das mudanças pelas quais passou desde a chegada do técnico Sylvinho ao Corinthians, explica os trabalhos que fez para melhorar o condicionamento físico, admite ter perdido a confiança em meio à má fase e festeja a chegada de Giuliano e Renato Augusto ao Timão. Confira:

Você foi titular nas últimas 12 partidas, sua maior sequência desde a volta ao Corinthians. Além disso, é o artilheiro da equipe e tem sido elogiado pelo Sylvinho. Como avalia esse momento?
– Estou feliz pela sequência. É como eu sempre falava, é um trabalho. Às vezes, o torcedor quer resultado imediato, mas nós aqui dentro do Corinthians sabemos o quanto trabalhamos, o quanto eu tenho me esforçado não só nos treinos, mas fora também. Com trabalhos específicos na academia, no Lab R9, com os fisioterapeutas e preparadores, todos me apoiando para melhorar a minha forma física, melhorar minha mobilidade, para virem os resultados. E eles estão aparecendo. Fico feliz e espero melhorar a cada dia mais.

Quais são esses trabalhos específicos que você está fazendo?
– É um trabalho que eu sempre fiz, desde quando voltei em 2017. Bem específico de laboratório, um trabalho de força e potência, para melhorar fibras rápidas, deixar a musculatura forte, desenvolver bem no jogo, trazer mobilidade. Sempre fiz. Mas no ano passado aconteceram diversas situações comigo: Covid-19, lesões, não consegui dar continuidade boa no trabalho. Neste ano, o Sylvinho deu confiança, diminuiu minha área de atuação. Consigo me mover no espaço, ter mais mobilidade e me reinventar a cada dia mais. Fico feliz por apresentar um bom futebol.

Sente que ainda há margem de evolução física?
– Como emendamos uma temporada na outra, me sinto no ápice da forma física dentro de uma temporada e meia. A lesão passou. Tenho me sentido bem, correndo em média 10km por jogo, para um atacante isso é muito bom. Sempre buscando melhorar, mas me sinto no ápice da forma física e feliz com o que venho apresentando.

Você disse que o Sylvinho diminuiu sua área de atuação e, recentemente, ele falou que você agora é um "9 reciclado". Pode explicar isso melhor?
– É isso que ele fala para mim: reciclagem. Com o tempo, você vai aprendendo, entrando em atalhos no futebol. Dentro do espaço, venho fazendo meu melhor, diminuindo a área de ação, mais perto do gol, fazendo bom pivô, caindo para os lados, mas sem sair muito do que eu faço melhor perto da área. Ele fala de reciclagem, estou me reciclando para melhor. Que bom, né?

Como é essa reciclagem? Quando quer mudar um jovem, o técnico costuma fazer correções nos treinos, usar vídeos e dá até algumas broncas. Mas e com um veterano, como é seu caso?
– Quando se é mais jovem, requer atenção no que o técnico passa, tem muita coisa na cabeça, precisa ver imagem, vídeos, até você treinando. Com Sylvinho foi diferente, tivemos uma conversa longa, com ele mostrando o que queria da minha parte, e eu, com a experiência, é claro, assimilo mais rápido. Atuei muitos anos ali. Ele me mostrou qual seria meu diferencial se fizesse a redução de espaço. Ele passou detalhes e eu consegui assimilar bem. Me sinto mais leve, mais móvel. Foi uma boa conversa de um cara experiente, que é ele, para mim, que tenho bagagem no futebol.

O Sylvinho completa três meses no Corinthians na próxima semana. Como tem sido a relação com ele?
– Bacana. Conheci o Sylvinho quando ele jogava no City. Quando eu fui para o Everton, nos víamos muito. Um cara que sempre admirei pela história no futebol. É um cara sensacional, o tempo todo na volúpia. Chega aqui sete horas da manhã e sai sete horas da noite, se dedica muito ao clube. Sabíamos que os resultados viriam, pelo trabalho dele, o que aprendeu como auxiliar de vários treinadores. No futebol, às vezes as pessoas querem o resultado do dia para a noite, e não é assim. Tudo requer um tempo, já são três meses de trabalho - e muito bem feito. Taticamente, ele exige muito, exige que sejamos aplicados. Estamos vendo um resultado bacana. É alguém que a gente admira e espero trabalhar muito com ele.

Ainda falando sobre aspectos táticos, qual o seu papel na construção de jogadas da equipe?
– Hoje, o time tem boa posse de bola, requer um homem que consiga segurar a bola para a aproximação dos meias e volantes para o time sair de trás. Tenho conseguido fazer isso com qualidade. Vem a aproximação dos meias e fica mais fácil para jogar, conseguimos as tabelas. Hoje já não saio tanto do meio do campo. Uma hora ou outra saio pelas beiradas, foi assim no gol do Renato com saída pela lateral. É mais isso, para oxigenar o time, respirar, conseguir sair de trás e fazer boa construção de média avançando para o ataque. Estou me aprimorando bem, é uma das minhas características fazer isso. Estamos crescendo bastante.

Essa sua sequência como titular coincidiu justamente com um período de turbulência que você viveu. Primeiro, o episódio da chuteira verde. Depois, a suposta ida a uma balada clandestina. Por fim, o episódio em que seu carro foi apedrejado. Foi necessário força mental para passar por esse turbilhão? Como lidou com essas situações?
– Realmente, não foi fácil. Foi um momento difícil. Dentro da minha vida, superei tantas situações adversas, dentro do futebol e vida pessoal... O apoio da família me ajudou bastante, minha esposa estando do meu lado, amigos próximos, respaldo do presidente, diretoria e jogadores principalmente, tudo isso dá tranquilidade.

Em algum momento você cogitou sair do Corinthians? Repensou a carreira?
– Não a ponto de abandonar algo, não, mas a gente fica triste. Eu tenho sempre a reflexão de procurar os prós e contras. Fiquei triste. Poxa, se fosse a nação toda, ok, mas são algumas pessoas que não têm muito o que fazer e acabam pegando no seu pé. O Corinthians é maior do que qualquer coisa. Eu tenho todo o carinho dentro do clube, da maioria dos torcedores, esposa e filhos, jamais poderia pensar algo que não seguir em frente e colher coisas boas.

Chegou a duvidar de você?
– Uma coisa que nunca duvidei foi do meu potencial, mas é lógico que isso te tira a confiança, você pensa se vai conseguir jogar em alto nível novamente. Às vezes, isso passa. Mas sei do meu potencial, sabia que precisava me reciclar, me reinventar, e é isso que está acontecendo. Consegui me reciclar e o bom futebol está aparecendo novamente, o potencial você não pode duvidar, a confiança em Deus você não pode perder, saber que Ele vai te capacitar quando precisar de ajuda. Deitar tranquilo à noite e saber que sou boa pessoa. Isso te ajuda.

Você não foi o único jogador a ser cobrado nas ruas recentemente. Há alguns meses, jogadores do Palmeiras também foram abordados à noite por torcedores. Como vê esse tipo de atitude?
– Então, eu posso falar por mim. Passei por algumas situações que as críticas passaram do ponto, desrespeito com a família, ser humano. Todos somos trabalhadores, temos pessoas que sustentamos, que ajudamos, que torcem. Temos que respeitar o ser humano. A crítica tem que ser feita sabendo disso. Alguns torcedores passam disso. O futebol é feito de cobrança. O que não pode é faltar com respeito. Não pode desrespeitar a família, opinar fora de campo, todos temos a consciência de que precisamos do corpo, precisamos nos cuidar, sabemos disso, mas o cara não pode chegar e te apontar. Alguns passam do limite. É natural do mundo hoje. Todo mundo quer julgar.


Como reagiu com o apedrejamento do seu carro?
– Cara, eu fiquei um pouco assustado. Na minha cidade, nascido e criado, nunca havia passado por isso. Já vi casos, mas nunca tinha passado, minha esposa ficou bem assustada com o carro apedrejado. Fiquei triste, mas depois vi a repercussão e vi que muitos estavam me apoiando, isso dá um certo alívio. São alguns torcedores que, infelizmente, passam do ponto da cobrança. É passado, já foi, superamos isso. Hoje trazemos como aprendizado. Vida que segue.

Como reagiu com o apedrejamento do seu carro?
– Cara, eu fiquei um pouco assustado. Na minha cidade, nascido e criado, nunca havia passado por isso. Já vi casos, mas nunca tinha passado, minha esposa ficou bem assustada com o carro apedrejado. Fiquei triste, mas depois vi a repercussão e vi que muitos estavam me apoiando, isso dá um certo alívio. São alguns torcedores que, infelizmente, passam do ponto da cobrança. É passado, já foi, superamos isso. Hoje trazemos como aprendizado. Vida que segue.

A torcida corintiana está muito empolgada com a chegada do Renato Augusto e do Giuliano. E você, também se animou com esses novos "garçons"?
– Quando você recebe jogadores de qualidade, não que aqui não tivesse, mas claro que jovens ainda, que têm muito o que crescer, como Roni, Vitinho, Adson, jogadores em evolução. Quando se trata de experientes, Giuliano e Renato, que já conheço desde o Mundial sub-20, é um amigão, aí dispensa comentários da questão tática e técnica. A gente se empolga junto. Todo mundo ficou feliz. Mostraram que vêm para ajudar. Esperamos que eles possam evoluir o mais rápido possível.


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