O Corinthians enfrenta mais um imbróglio jurídico envolvendo a base. O atacante uruguaio Franco Delgado, de 20 anos, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo rescisão unilateral de contrato e cobrando R$ 604.036,47 do clube por descumprimento de obrigações trabalhistas.
Contratado em março de 2024 como promessa vinda do Danúbio (URU), Delgado atuava pelo time Sub-20 B (antigo Sub-18), mas não conseguiu se firmar. Segundo documentos obtidos pelo portal Meu Timão, o jogador alega que, apesar dos salários estarem em dia, o Corinthians deixou de recolher o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em diversos meses, o que viola a Lei Geral do Esporte (14.597/2023).
Na ação, o uruguaio detalha os valores que entende ter direito, incluindo salários, multas e indenizações:
R$ 20.000,00 – salário em aberto;
R$ 8.333,33 – 13º proporcional de 2025;
R$ 26.666,66 – férias integrais de 2024/2025;
R$ 6.666,66 – multa sobre as férias;
R$ 11.916,66 – FGTS não depositado;
R$ 8.330,46 – multa de 40% sobre o FGTS;
R$ 20.000,00 – indenização de rescisão;
R$ 423.333,33 – projeção de vencimentos até 2027;
R$ 78.787,36 – honorários advocatícios.
A defesa do atleta se ampara na legislação vigente, que permite rescisão indireta do contrato esportivo em caso de inadimplência por mais de dois meses, com direito à cobrança do valor integral até o fim do vínculo – que, no caso de Delgado, vai até 5 de março de 2027.
Franco Delgado chegou ao Timão com status de promessa, após o clube utilizar 115 mil euros de crédito na FIFA para fechar a contratação. Sob o comando de Danilo, teve algumas chances, mas perdeu espaço com a chegada de Raphael Laruccia e, depois, de Orlando Ribeiro, sendo barrado da Copa São Paulo de Futebol Júnior (Copinha) e rebaixado ao Sub-18.
Seu último jogo foi em agosto de 2024, na derrota por 5 a 0 para o Athletico-PR, pelo Brasileiro Sub-20. No total, Delgado marcou apenas dois gols em 13 partidas com a camisa do Timão.
O caso de Franco Delgado expõe novamente a falta de organização estrutural nas categorias de base do Corinthians. Apesar dos discursos da diretoria sobre reestruturação, episódios como esse revelam falhas graves de gestão, que vão além do campo.
A base, que deveria ser tratada como um ativo estratégico, sofre com contratos mal geridos, afastamentos sem justificativa e ações judiciais que colocam o clube em posição de fragilidade institucional.