O Corinthians inicia um processo de reestruturação profunda em suas categorias de base, com a previsão de dispensar dezenas de jogadores nas próximas semanas. Quem lidera o movimento é o novo diretor do departamento, Carlos Roberto Auricchio, o Nenê do Posto, que assumiu o cargo no início de junho e encontrou um cenário de superlotação que, segundo ele, inviabiliza o trabalho técnico e o desenvolvimento dos atletas.
Nenê relata que o problema vai do sub-7 ao sub-20, e que a quantidade de jogadores em cada categoria compromete até mesmo os treinamentos:
“Os técnicos dividem o campo em três para caber todo mundo. É impossível trabalhar assim. Precisaria de dois centros de treinamento para suportar esse volume. É um absurdo", declarou.
O novo diretor criticou a gestão anterior, do presidente afastado Augusto Melo, que promoveu 87 contratações só em 2024 e criou categorias intermediárias, como o sub-16 e o sub-18, agora extintas por falta de torneios oficiais.
O principal desafio para o corte de jogadores está nos vínculos profissionais já firmados, que exigiriam indenizações em caso de rescisão unilateral. A estratégia da nova gestão será tentar acordos amigáveis e oferecer aos atletas oportunidades em outros clubes:
“Vamos tentar convencê-los de que é melhor sair em bons termos. Muitos estão só treinando, e isso não ajuda ninguém. A Copinha já está logo aí e precisamos ajustar tudo até setembro.”
Outro ponto abordado por Nenê é a baixa qualidade técnica em algumas categorias. No último jogo do Sub-20, por exemplo, o Corinthians utilizou dois atacantes de 17 anos e um de apenas 15, devido à falta de opções mais experientes com condição de jogo.
A reestruturação também deve atingir o quadro de funcionários. Segundo Nenê, a folha salarial da base hoje é de R$ 1,5 milhão mensais, quase o dobro do que era registrado em 2019, quando ele deixou o departamento:
“O clube não aguenta esse custo. Vamos enxugar tudo: atletas, comissões técnicas e estrutura. Só assim a base pode voltar a ser eficiente e revelar talentos.”
Com uma trajetória de mais de 40 anos dentro do Corinthians, Nenê já atuou em diversas gestões e cargos, sempre de forma voluntária. Sócio desde 1960, foi conselheiro pela primeira vez em 1987, e passou por departamentos social, de futebol e da base.
“Sou doente por esse clube. Nunca ganhei um centavo, e digo isso com orgulho. Estou aqui para ajudar a reorganizar o Corinthians.”