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Quem é o presidente do Corinthians? Entenda o caos político que paralisou o clube


Osmar Stabile e Augusto Melo em 2023, época em que eram candidatos a vice e a presidente do Corinthians, respectivamente — Foto: Divulgação


Nos últimos dias, o Corinthians mergulhou em uma crise institucional sem precedentes. A pergunta que todos fazem é: quem é o verdadeiro presidente do clube neste momento? De um lado, Augusto Melo, eleito no fim de 2023 e recentemente afastado pelo Conselho Deliberativo. De outro, Osmar Stabile, vice-presidente que assumiu interinamente após a votação de impeachment. O cenário é de guerra política, disputas jurídicas, conflitos de bastidores e até intervenção policial no Parque São Jorge.

O que aconteceu?

No sábado, torcedores invadiram a sede do clube após uma tentativa de retorno de Augusto Melo à presidência. Ele se apoiou em um documento assinado pela conselheira Maria Angela de Souza Ocampos, que se autodeclarou presidente do Conselho Deliberativo e anulou atos praticados por Romeu Tuma Jr., inclusive o afastamento de Melo.

Stabile, no entanto, não reconheceu essa movimentação. A confusão levou à presença da polícia no clube, com registro de boletins de ocorrência e acusações de ameaça, cárcere privado e constrangimento ilegal.

O que alega Augusto Melo?

Melo afirma que continua sendo o presidente legítimo do Corinthians. Sua justificativa se baseia em uma decisão da Comissão de Ética, que em 9 de abril votou pelo afastamento de Romeu Tuma Jr. da presidência do Conselho. Com isso, Maria Angela — até então primeira secretária — se declarou presidenta interina do Conselho e anulou o afastamento de Melo.

Contudo, o afastamento de Tuma só foi protocolado oficialmente 51 dias depois da votação. Durante esse período, o próprio Melo e seus aliados reconheceram a autoridade de Tuma.

O que defende Osmar Stabile?

Stabile, que era o primeiro vice-presidente, assumiu o cargo interinamente após a votação do Conselho que afastou Melo. Ele afirma que a Comissão de Ética não tem poder para destituir o presidente do Conselho — isso exigiria deliberação do plenário, composto por cerca de 300 conselheiros.

Esse é também o entendimento de Romeu Tuma Jr. e do vice-presidente Armando Mendonça, que citam o artigo 89 do estatuto do clube. Para eles, a tentativa de destituição de Tuma é inválida, assim como qualquer ato assinado por Maria Angela.

O que diz o estatuto do clube?

O estatuto é confuso. Ele dá à Comissão de Ética o poder de “instruir e relatar” processos disciplinares, mas prevê que as punições precisam ser aprovadas pelo Conselho Deliberativo. Há trechos que autorizam suspensões liminares de sócios, mas não há clareza sobre o poder da comissão em afastar conselheiros ou o presidente do Conselho Deliberativo.

Para destituir o presidente do clube, o estatuto exige a votação do Conselho e depois a ratificação dos sócios. No caso de Tuma, que preside o Conselho, não há um rito claro de afastamento.

Maria Angela e a escalada da crise

A conselheira Maria Angela subiu na hierarquia do Conselho com base no afastamento (contestável) de Tuma e no pedido de licença do vice-presidente do órgão, Roberson de Medeiros. Ela se declarou presidente interina e anulou todas as decisões tomadas por Tuma desde abril.

No entanto, membros da própria Comissão de Ética — como Rodrigo Bittar — dizem não reconhecer esse movimento. Ele afirma que nunca foi informado oficialmente da saída de Roberson nem da intenção de Maria Angela de assumir o Conselho.

A noite da confusão

A tentativa de retorno de Augusto Melo à presidência terminou em conflito. Ele entrou na sede com apoiadores e tentou forçar Osmar Stabile a assinar um documento reconhecendo sua volta ao cargo. Segundo relatos, houve ameaças, intimidação e confronto físico. A polícia foi chamada, e boletins de ocorrência foram registrados de ambos os lados.

Augusto Melo alega ter sido ameaçado de morte por um torcedor. Já Osmar Stabile e aliados afirmam que foram coagidos e acusam Melo de tumulto, cárcere privado e falsidade ideológica.

Augusto já foi oficialmente deposto?

Ainda não. O impeachment foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, mas o estatuto exige que os sócios do clube confirmem a decisão em assembleia, marcada para o dia 9 de agosto, no Parque São Jorge. Se a maioria dos sócios ativos concordar com a destituição, Melo será oficialmente deposto. Caso contrário, ele retorna ao cargo.

Enquanto isso, Osmar Stabile segue como presidente interino, tentando manter a estabilidade institucional em meio a uma das maiores crises políticas da história do clube.

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